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quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Sarah Vaughan – At Mister Kelly’s


O locutor que inicia o disco tem sua fala direcionada aos presentes, comunicando e instruindo-os sobre o que acontecerá a seguir. O mesmo diz a todos que a apresentação da noite será gravada e que todos se sintam à vontade e ajam de maneira natural.

Sarah Vaughan então inicia nossa jornada com “September in the rain” acompanhada por seu trio, extremamente competente, diga-se de passagem. O lugar: Mister Kelly’s.

Mister Kelly’s foi, durante 1957 e 1975, um nightclub famoso em decorrência dos nomes da música que lá se apresentaram, entre eles, B.B. Kiing, Sammy Davis Jr., Billie Holiday, Frank Sinatra entre outros grandes ícones.
Sarah Vaughan e sua voz melodiosa, por vezes até frágil, dá o tom aconchegante da noite.

Várias faixas podem ser citadas como excelentes. “I'm Gonna Sit Right Down And Write Myself A Letter”, September in the rain”, “Just one of this things”, para citar algumas.

Mas a jóia da coroa, na minha opinião, se encontra na segunda faixa, “Willow weep for me”. Antes de dizer o porquê de tal preciosidade, uma informação é necessária. Apesar do locutor avisar a plateia que o show contará com as letras das músicas auxiliando a cantora, Sarah improvisa muito!!!!

Aos 4 minutos de “Willow weep for me”, Sarah esbarra em algo que acaba divertindo a plateia e provocando risadas. A morte declarada para muitos artistas de menor quilate que Sarah Vaughan. Em um momento de extrema presença de espírito, ela usa o acidente como escada para adaptar parte da letra, provocando mais risadas e, enfim, aplausos da plateia, já totalmente entregue à Sarah.
Em resumo, cada faixa trás algo digno de nota.

Mais um de jazz, eu sei. Pode estar se tornando meio maçante, mas estamos ainda nos anos 50. Espere até entrarmos nos anos 60.

Veredito final: mais um de jazz, mas um de Sarah Vaughan. Então, não pode ser comparado aos anteriores. Clássico por sua interpretação e por todos os “presentes” que trás a quem pretende ouvi-lo.
Próxima vítima: Ella Fitzgerald – Sings the Gershiwn song book. Muito divertído e muito longo. 194 minutos na carreta!

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Jack Elliot - Ramblin Jack Elliot takes the floor

Nessa breve caminhada pelos 1001 Discos, esse é a segunda feliz surpresa entre os que até agora escutei. Não achem, no entanto, que os outros até então tenham sido ruins. Muito pelo contrário! Mas é que não haviam me surpreendido da forma como esse dois me surpreenderam.

Um deles foi “The wildest!” de Louis Prima e o outro é esse: “Takes the floor” do fantástico “Ramblin’” Jack Elliott.
Assim que você baixa a agulha no vinil (quem me dera! Eu só cliquei no play!) as particularidades deste disco são perceptíveis.



Assim que terminei de ouvir todo o disco, fiz uma pesquisa básica cruzando o nome de Eliiott com o nome de diversos outros artistas, tais como Lou Reed, Bruce Springstein, Johnny Cash e todas essas pesquisas retornaram os mesmos resultados. Todos apresentavam ligação entre si.

“Ramblin’” Jack Elliott foi reconhecido, em 1998, como um tesouro americano pelo Presidente Bill Clinton, pela sua influência na música norte-americana. Foi Jack a ponte entre Woody Gutherie e vários outros folk singers, entre todos os grandes já citados um merece menção especial: Robert Allen Zimmerman, vulgo Bob Dylan.
Podem me apedrejar. Não sou um fã de Dylan. Assim como não gosto de Raul Seixas. Eu sei que nessas duas frases acabei de fazer vários inimigos, mas tudo bem. J

Mesmo não apreciando toda obra de Dylan, é inegável que sua maestria na composição de canções tem muita semelhança com a de Jack Elliott.

Jack takes the floor é um disco com muita improvisação, isso se não tiver sido totalmente improvisado. Basta ouvir algumas faixas pra se ter certeza disso. Muitas canções faladas, quase todas sendo iniciadas com uma breve história sobre o que será cantado.

É fácil perceber quando Jack começa a “enrolar” e criar sequências na música que não tinham porque estar lá. Claro, tudo isso trás um charme todo especial da época onde a música não precisava ser estéril de tão cristalina e com os acordes no tempo certo e vozes sempre “afinadas”.

Um exemplo é “Old Blue”, uma canção sobre um cachorro. Tem até um latidinho no fundo da música a certa altura.

06 Old Blue by rafaelramires

Em resumo, o disco inteiro merece ser ouvido porque ele é puro e honesto, acompanhado somente por violão e alguma harmônica, de vez em quando, fazendo com que o som pareça ter sido tocado em uma roda de amigos.
Jack não precisar provar nada para ninguém. Já tinha a notoriedade suficiente para fazer um disco como esse. Um disco extremamente autêntico. Obrigatório de ser escutado.

Será que até chegar a vez de Dylan eu vou mudar de opinião?

Veredito final: música de verdade, tocada e cantada de verdade.

Próxima vítima: Sarah Vaughan – Live at Mr Kelly’s. E por falar em improvisação...

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Billie Holiday - Lady in satin

Ao iniciar a caminhada dos 1001 passos, eu já sabia de antemão que vários me surpreenderiam de maneira agradável, assim como alguns desses passos seriam torturantes.
Deparo-me com o primeiro desses aflitivos passos.
Em “Lady in satin”, Billie Holiday ,apesar de estar com 40 e poucos anos, sua voz soa como a de uma sexagenária. Todo o brilho das antigas interpretações se esvaiu no vício da heroína. Não que Billie tivesse uma voz potente ao estilo Ella Fitzgerald ou Aretha Franklin, mas era, sem dúvida, dotada de mais melodia que nos registros de “Lady in satin”.



A interpretação de Billie nos faz crer que ela carregava pedras enquanto cantava dado esforço físico que chaga a ser visível só de ouvi-la.

Esse foi visto como o ocaso da grande estrela do jazz nos anos 30 e 40.

Um registro de uma interpretação cheia de emoção, assim como ouvir Janis Joplin se esguelhar, faz bem aos ouvidos e ao coração.

Nesse caso em especial, dá até vontade de chorar em certas partes. Eu aguentei e perseverei até o último verso da última faixa em nome da minha empreitada. Mas digo do fundo do meu coração que foi difícil. Muito difícil.

Em resumo: um disco para poucos. Comparável a ficar ajoelhado no milho. Duranteo castigo, cada minuto parece durar uma eternidade. Depois que você levanta, ficam as marcas. E você se lembra de cada grão no qual ficou em cima. “Lady in satin” é assim.

Veredito final: poucos artistas teriam os culhões da fazer o que Billie fez. Só por isso, é um disco digno de figurar entre os 1001. Mesmo sendo um dos quais você certamente ouvirá uma vez apenas.

Próxima vitima: Jack Elliott – Jack takes the floor. Uma pérola! Mais um disco que me fez adorar ter começado a ouvir os 1001.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Tito Puente – Dance Mania

Você pode não conhecer nenhuma das composições deste álbum (assim como eu), mas é difícil não acabar ouvindo mais vezes o álbum novamente depois de ouvi-lo a primeira vez. Isso porque existe uma mágica nas melodias e ritmos criados por Puente nesse seu disco que foi o mais vendido de todos os seus outros trabalhos.



“El cayuco” serve de entrada para um banquete sonoro, bem apimentado, bem latino!

Algumas das faixas são acompanhadas pelos melodiosos vocais de Santitos Colón. Com sua voz inconfundível, acrescenta profundidade e emoção na medida certa. Nascido em Porto Rico, foi interprete de várias canções latinas e versões em espanhol para Standards norte-americanos. “Estoy siempre junto a ti” é a clássica dois-pra-lá-dois-pra-cá obrigatória em qualquer desmanche ou baile da terceira idade. Digo isso, mas adoraria dançar essa de rosto colado ao de minha esposa, mas como tenho dois pés esquerdos...

Por falar em dançar, “Hong Kong mambo” é uma das mais divertidas. A marimba (o instrumento que mais se sobressai na música) faz um solo inspiradíssimo e muito cheio de vida. Se eu soubesse dançar, com certeza puxaria a patroa pela cintura e deslizaria pelo tapete da sala ao som desta pérola.

Fechando o set de músicas do disco das quais estou comentando duas são interessantes tanto pelos seus ritmos quanto pelos seus títulos. “3-D mambo” me deu um trabalhão imaginando algo 3-D que combinasse com a música. Aceito sugestões. A outra foi “Agua limpia todo”. Talvez uma forma espanhola de dizer “lavou tá novo”?

Em resumo: divertidíssima coletânea de canções alegres, cheias de cor e ritmos que fez meu dançarino interior bailar. Pena que seja só o interior!

Veredito final: Realmente um exemplar digno de se ouvir antes de morrer.

Próxima vitima: Billie Holiday – Lady in satin. Tive que aumentar minha dose de antidepressivos depois desse.

FELIZ ANIVERSÁRIO!!!

FELIZ ANIVERSÁRIO!!!

Hoje, dia 13 de julho, é comemorado o dia mundial do rock. Neste mesmo dia, no ano de 1985, foi ao ar o Live Aid, um mega show com a presença de vários artistas do mundo da música em favor das vítimas da miséria na África.

Viva o rock!

Let there be rock!


terça-feira, 5 de julho de 2011

Little Richard – Here’s Little Richard

Se você nunca ouviu “Tutti frutti” ou “Long talll Sally” na voz de Little Richard é porque provavelmente conhece a música, mas não sabe seus nomes ou porque viveu toda sua vida em Marte.

Little Richard - Tutti Frutti by rafaelramires




Richard Wayne Penniman, o Little Richard, é considerado o artista da transição e fusão do rhythm’n blues com o rock’n roll. Um dos mais inconfundíveis vocais do século passado e desse também mostrou para todos os artistas de sua época e outros tantos que vieram após como as coisas deviam ser feitas. Depois disso o resto é história. E estamos vivendo ela a cada música que chamamos de rock.

Basta ouvir o primeiro disco de Elvis e sua versão de “Tutti Frutti” que, apesar de ter a cara do Rei do Rock, é uma versão mais comedida que a de Richard. Isso tudo no intervalo de um ano!

Little Richard mostrou um modo rasgado de cantar. Arriscaria até uma semelhança (tomando-se as devidas proporções, claro!) com o swing de Louis Prima. Todas as faixas são rápidas e muito expressivas. Fiéis ao rock, todas as músicas tem o mesmo apelo dançante e ritmo acelerado.

“Long tall Sally” é outra das quais vocês já conhecem.



O fato de “Here’s Little Richard” figurar entre os 1001 discos é uma obviedade, visto seu poder e suas canções que aderem aos tímpanos como chiclete de Tutti frutti!

Em resumo, um disco fantástico de se ouvir do começo ao final. Imperdível para os amantes de um rock clássico. A foto da capa é um show à parte. Em um clique a expressão de Richard e sua entrega ao cantar foram capturadas. Digna de figurar entre as imagens mais expressivas do século!

Veredito final: nota 1000! E tenho dito!

Próxima vítima: Tito Puente and his orchestra – Dance mania, vol. 1. Até sem saber dançar, fiquei animado só de ouvir esse. Excelente vocal, orquestra afinadíssima. Aguardem!

domingo, 3 de julho de 2011

Machito - Kenya


Na sequencia de Palo Congo, “Kenya” trás outra mistura de jazz com ritmos mais apimentados, como no caso a dita mistura Afro-Cuban. Sem dúvida “Kenya” é muito mais “user-friendly” que “Palo Congo”, ou seja, muito mais “amigável” os ouvidos. Não que “Palo Congo” seja um disco ruim. Mas a certa altura, suas músicas se tornam quase parecidas umas às outras.

“Kenya” tem momentos muito inspirados aonde uma canção ou outra parece ter até uma espécie de “refrão”, fazendo com que este seja mais facilmente digerível. Dá até pra acompanhar batendo o pé.



No caso de “Conversation”, faixa 9 do álbum o conjunto de percussão que faz o acompanhamento é perfeito porque não atrapalha a performance dos instrumentos de sopro. Os quais, diga-se de passagem, são muito envolventes e tem uma limpeza no som fora-de-série.
Este é um disco difícil de ser comentado, tendo em vista que ele tem um parentesco sonoro com todos discos anteriores.

Provavelmente as gerações posteriores de músicos cubanos e vários sons latinos devam alguma reverência à “Kenya”.

No caso deste que vos escreve, Machito soa muito parecido com o mambo, a salsa e esses ritmos latinos conhecidos.

Em resumo, mais um disco interessante que faz parte de uma coleção de discos com ritmos latinos que entre os 1001. Uma boa pedida para um a festa com temática caribenha ou para tocar quando todos começam a querer mexer as cadeiras.

Veredito final: como já foi dito, ao contrário de “Palo Congo” pode ser ouvido sem efeitos colaterais.

Próxima vítima: Little Richard – Here’s Little Richard. Outro do qual possivelmente todo mundo já ouviu na vida. Prepare os ouvidos!

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Miles Davis – Birth of cool


Quando se ouve pela primeira vez, o jazz parece sempre igual. Não importando a música ou o compositor que se ouça, todos os arranjos soam da mesma maneira. Não vou agora dar uma de teórico do jazz e citar diferenças entre cada variante do ritmo. Mas “Birth of the cool” de Miles Davis realmente mostra algo que até então não havia sido mostrado em outros trabalhos de jazz.

Podemos chamar esse algo ainda não ouvido de maciez.

Isso mesmo! A maciez do arranjo que parece ondular por entre os ouvidos. Nada de transições abruptas ao estilo Thelonious Monk ou enérgicas de Duke Ellington. Algo mais “cool”! Para ser ouvido despreocupadamente. Algo para deixar o ouvinte ser envolvido e seduzido pelo andamento das canções.



Miles Davis foi um dos precursores do gênero que teve origem em Nova York. Acompanhado por músicos que também buscavam uma sonoridade diferente daquela do jazz bebop, Miles inicialmente teve uma vendagem baixa e pouca receptividade por parte dos ouvintes. Algo que não durou muito e o mesmo foi elevado à categoria de expoente do jazz. Todas as faixas apresentam uma sonoridade semelhante no quesito suavidade, até um vocal inusitado na faixa “Darn the dream”.

Claro que não só em Nova York se ouvia o cool jazz. Lá nas bandas do Rio de Janeiro com certeza se ouvia também. Se não fosse assim, como teria nascido a Bossa Nova?

Talvez a bossa seja O ritmo verdadeiramente brasileiro. Até mais do que o samba, do qual também aquela se originou. Mas a bossa fica pra outra oportunidade.

Em resumo, um disco para aqueles que querem conhecer um pouco mais das variantes do jazz e o ritmo que influenciou a nossa bossa nova. Um ritmo para servir de música de fundo para aqueles dias de frio em que você quer ver a vida passar. O problema é encontrar um dia em que dê para fazer isso!

Veredito final: interessante e gostoso de ser degustado em condições propícias para tal. No entanto, o Ministério da Saúde alerta, não é aconselhado a audição do mesmo em qualquer momento. Surtos de impaciência e stress podem ocorrer.

Próxima vítima: Machito - Kenya. A fusão do jazz com a batida cubana. Um caldeirão fervente!

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Sabu - Palo Congo


Quando ouvi a primeira vez “Palo Congo” percebi uma peculiaridade no som do disco que hoje em dia poderia irritar muita gente. Nota-se que cada instrumento ou vocal em primeiro plano é privilegiado, como em uma foto com desfoque. O mono nesse disco é fantástico. Parece que foi todo gravado com um microfone só. Dá muita autenticidade ao todo! Eram tempos de gravação com a banda toda tocando ao mesmo tempo. Claro que havia discos nos quais os instrumentos eram gravados separadamente e a edição se encarregava do resto. A maioria, se descuidar. Mas assim como “The wildest!” de Louis Prima, toda banda ao mesmo tempo (ao vivo em estúdio, no jargão) é algo digno de nota.

A faixa de abertura “El cumbanchero” tem uma batida excelente e um solo de percussão do próprio Sabu Martinez que, se não arrancou o couro da mão do mesmo, chegou perto. Todas as faixas seguem a receita de muito atabaque e ritmo fazendo com que o ouvinte tenha vontade de mexer as cadeiras (eu fiquei só mexendo os pés...).

 A segunda faixa, “Bilumba – Palo Congo” é um típico exemplo da santeria no conjunto da obra. Não só pela reza, mas como também pelo toque do atabaque.



O Palo, em Cuba e em outras regiões próximas, é a reunião das tradições e fés de origem Bantu. Algumas músicas chegam a ser hipnóticas tamanha repetição da percussão e de cânticos que fazem o acompanhamento.

Em resumo, é um disco interessante por que mais tarde esse ritmo será fonte de inspiração para outros ritmos latinos mais calientes e comerciais.

Veredito final: interessante, do ponto de vista antropológico. J

Próxima vítima: Miles Davis – Birth of the cool. O nome diz tudo. O nascimento do “cool”!

terça-feira, 31 de maio de 2011

Um pouco de história....

Conversando com uma colega do doutorado há alguns dias sobre música, acabei falando sobre minha filha. Papo vai, papo vem, disse que minha filha se chama Ana Júlia. Na mesma hora ela me perguntou se o motivo era a música “Ana Júlia” dos Los Hermanos.

Engraçado como a música realmente ficou famosa. Inegável também é a sua qualidade. Como Beatlemaníaco que sou, só o fato de George Harrison ter gravado a mesma, já atesta sua qualidade (apesar de alguns dizerem o contrário).

Mas hoje não quero falar de música e sim da história por trás dessa. Minha história.

Minha esposa estava grávida, mas ainda não era possível saber se era uma menina ou um menino. Ainda não tínhamos nenhum nome que fosse preferido. Eu tinha algumas idéias para nomes de menino (não que eu preferisse um menino. Para mim sempre foi indiferente), mas todas elas foram providencialmente rejeitadas pela minha mulher. Eu sei que algumas mulheres têm uma sensibilidade ou um sentido mais aguçado. Sim! Algumas mulheres. Não todas. Mas, enfim, minha mulher tem “insights” que às vezes me deixam meio cabreiro. Um desses aconteceu quando estávamos na festa de quinze anos da minha irmã. Estávamos conversando, da forma que dava, por causa do som alto, quando “Ana Júlia” começou a tocar. Segundos de hesitação. Palavras da minha mulher: “tenho certeza que será uma menina”. O resto não precisa ser dito.


Postei há alguns minutos o vídeo “Maybe I’m amazed” do Paul McCartney. A música foi escrita para Linda Eastman (ou McCartney. Não sei se na época já eram casados) no momento da separação definitiva dos Beatles, pelo suporte que ela traria para Paul nesse momento. Mas analisando por uma ótica simples, sem saber desse fato, é uma música que um homem dedicaria a uma mulher que fosse um pilar em sua vida. Quando ouço ela me lembro de todas as mulheres da minha vida. Sem exceções!

Cito uma em especial.

Minha filha se tornou um pilar para minha vida.
Incrível como ser homem faz de nós seres autossuficientes na medida em que damos às nossas vidas os rumos que queremos.

Ser pai tira das nossas mãos essa autossuficiência e nos põe nas mãozinhas de um serzinho que não sabe nada da vida. Só quer ser amado e guiado da melhor maneira possível.

Ser pai é isso. Que maravilha!

domingo, 29 de maio de 2011

Thelonious Monk – Brilliant Corners


A maior escola de jazz que tive foram os episódios da “Pantera-Cor-de-Rosa”. Neles, uma trilha sonora de fundo (impossível alguém que não tenha ouvido) faz o acompanhamento dos episódios sem fala da pantera. Henry Mancini e sua orquestra introduziram o linguajar “jazzístico” nos ouvidos da garotada da minha idade.


Essa, vocês também conhecem (acho!). “Linus and Lucy” do desenho Snoopy! JAZZ!


Tudo isso para dizer que esse ritmo um tanto esquisito para maioria das pessoas além de influenciar vários outros que viriam, está intimamente presente sem que muitos se deem conta. Então, como dá pra se ver, o jazz fazia parte dessas coisas que eram comuns de se escutar na infância (pelo menos lá em casa). Natural que, para mim acabasse se tornando algo “não chato”, e, ao escutar esse disco de Thelonious Monk, alguns detalhes acabam me chamando a atenção.


Não vou falar de detalhes em específico de nehuma das músicas. Só chamar a atenção para o nível de experimentalismo atingido por Thelonius. Como havia dito no post anterior, ele pode ser considerado um cientista. Uma das características marcantes é a improvisação a todo o momento. As melodias que apresentam verdadeiras “esquinas” no andamento. Explicando a minha interpretação: quando você “acha” que a melodia vai prosseguir de uma maneira que seu cérebro espera, você acaba surpreendido com variações inesperadas. Uma característica nos improvisadores, tal como Wynton Marsalis, em Cherokee, no exemplo abaixo.


Enfim, em momentos eu acabo me emocionando com o texto e todas as lembranças da época de menino.

Ao escutar esse disco acabo chegando a conclusão que cresci, mas não perdi o menino que há dentro de mim, sentado vendo “Pantera-Cor-de-Rosa” e comendo bolo Ana Maria recheado ao som de Henry Mancini...

Veredito final: Tenho muitos motivos pra gostar desse disco. Mas sou sincero de dizer que ele não é tão palatável como os demais até o presente momento.

Próxima vítima: Sabu – Palo Congo. Santeria quer dizer algo pra você? Esse é “invocadaço”!!!

terça-feira, 24 de maio de 2011

Count Basie – The atomic Mr. Basie


Veja a capa ao lado. Reflita. Qualquer disco que ostente um cogumelo atômico em sua capa deve conter um ritmo digno da representação deste tipo de “liberação de energia”. “The atomic Mr. Basie” por William James “Count” Basie é mais um disco de jazz deste início de lista. Assim como os outros discos de jazz que por mim foram comentados até então, este é mais um exemplo da criatividade e versatilidade que músicos de jazz estavam apresentando ao paladar dos ouvintes da década de 50. Tá bom! Falando assim até parece que não passa de “mais” um de tantos já citados. O detalhe é que cada álbum de jazz por si só traz uma gama absurda de novidades. Todo tipo de alteração sutil, resultava muita diferença no final. Os melhores exemplos deste disco estão em “Fantail” e “After supper” são bons exemplos do estilo de música apresentada neste disco. Enquanto “Fantail” trás um solo de bateria de tirar o fôlego, “After supper”, como o próprio nome traduzido seria “Depois da ceia”, tem clima de depressão pós-prandial típica de um jantar farto. Dá vontade de dormir de tão lenta! Durante os 39:30 minutos do disco vários temas são apresentados, desde os mais delicados (“Li’l Darlin’”) aos mais agitados (“Whirly-Bird”) ilustraram a sonoridade que Count Basie conseguiu com este disco.

Eis aqui um exemplo da Bigband de Count Basie.


Assim como no livro de Robert Dimery cita em seu livro, dá pra se ter a noção da economia de Basie ao piano, deixando seus músicos brilharem, e sendo nada mais que “na medida certa” na parte que lhe cabe. Ao fim do vídeo dá pra se ter uma noção do solo de bateria que havia falado antes. Se bem que em “Fantail” é muito melhor!

Não poderia deixar esse texto sem uma palhinha de “Fantail”, claro!

Fantail by rafaelramires

Engraçado como depois de alguns discos de jazz, você passa a ter a idéia de onde o rock pegou emprestado certos movimentos. Como amante do rock não posso deixar de acrescentar um comentário pessoal. Ouvi muito Glenn Miller Orchestra quando era criança. Glenn Miller foi líder de uma Bigband das mais famosas entre 1939 e 1943. Ao ouvi-lo é clara a influencia que o mesmo teve sobre artistas que viriam a seguir. Afinal, nada veio do nada. Por isso mesmo é inegável a evolução de todos esses ritmos no que conhecemos atualmente como Rock e todas as suas vertentes (menos o Restart!). Tenho dito!

Veredito final: Assim como os demais exemplares de jazz da lista, este é obrigatório! Fator Pula Faixas baixíssimo! Uma ouvidinha em Glenn Miller fará você unir as pontas soltas entre o jazz, Bigbands e Rock’n Roll.

Próxima vítima: Thelonius Monk – Brilliant Corners. Thelonius. Um verdadeiro cientista do jazz.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Buddy Holly - The "Chirpin" Crickets


Se há um artista da década de 50, presente na lista dos 1001 Discos que soa incrivelmente atual (tomadas as devidas proporções, claro!), este é Buddy Holly.


Um dos primeiros artistas a ser incluído no Rock’n Roll Hall of Fame, é notadamente o mais influente de todos os seus contemporâneos. Para quem já ouviu pelo menos uma vez Beatles (existe alguém na Terra que não tenha ouvido Beatles????) é impossível não notar a semelhança. Os próprios Beatles jamais negaram a influencia de Buddy Holly. Meu blog não é dedicado à previsões futuristas ou coisas do tipo “se fulano estivesse vivo”, mas posso extrapolar essa fronteira e dizer que, se Buddy não tivesse encerrado sua carreira de maneira trágica e prematura aos 22 anos (alguém já viu o filme “La Bamba”?), talvez os Beatles, Rolling Stones e demais artistas não teriam sido o que foram. Na real: o cara era incrível!

Assim como Mr. Frank Sinatra em seu “Songs for swingin lovers” e suas canções “enxutas” de 3 minutos, nesse disco a fórmula se repete com maestria. Melodias com arranjos modernos e vocais que mais pareciam interpretados que cantados. No vocal o cara parecia um ator! Em “That’ll be the day”, Buddy tem uma impostação de voz fantástica, quase teatral. “Rock me my baby” tem uma levada muito rockabilly e “Lonesome tears” poderia ter saído de um disco dos Beatles.

Uma das maiores vantagens de se ouvir os 1001 na ordem cronológica, como estou fazendo, é que é possível perceber as alterações pelas quais a música vai passando em seu caminhar. Tendo ouvido os discos que ouvi até agora, uma mudança fica perceptível: mesmo poucos, os álbuns são suficientes para notar que algo no ar está mudando. Buddy Holly é a prova disso. Depois de vários discos tão marcadamente anos 50 (exceção honrosa para Louis Prima), Buddy mais parece vindo do futuro! Um Marty McFly de óculos de aros grossos e cara de nerd.



Faltam muitos discos até lá, mas quando chegar em “American Pie” de Don McLean, farei um gancho e todos perceberão que os anos passam, mas a música é imortal!

Uma palhinha de “Rock me my baby” só pra dar água na boca...

Rock me my baby by rafaelramires


Veredito final: obrigatório para qualquer um que queira entender de onde o rock veio. E perceber que quase tudo o que foi feito depois parece soar familiar...

Próxima vítima: Count Basie – The atomic Mr. Basie. A capa faz você pensar uma coisa, mas quando você ouve...Aguardem!

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Frank Sinatra - Song for swingin' lovers


Estamos na Copa de 2014.

Argentina e Brasil na final.

Argentina ganhando de 3 a 0.

Nos últimos 10 minutos de jogo a Seleção Canarinho milagrosamente, e majestosamente, faz 1, 2, 3 e 4 gols nos últimos 5 minutos, sendo o último, um gol contra de Messi!

É assim que descrevo esse disco de Frank Sinatra. Depois de “In the wee small hours” e seu clima de ressaca, “Songd for swingin’ lovers” é um verdadeiro passeio ao sol!

Desde a primeira música um espetáculo, com canções fantásticas (“Anything goes”, absurdamente linda, “How about you”, excitante!), arranjos gloriosos (Nelson Riddle, o mesmo de Wee small hours, sempre brilhante!) e a presença de um Frank totalmente à vontade, no lugar que é seu por direito. O de estrela. E não no de estrela (de)cadente!

Em “Songs for swingin’ lovers”, Frank elevou à perfeição o conceito de canção de 3 minutos. Se você der uma “googlada” em 3 minute songs verá que esse tempo é referente à duração dos antigos singles, pequenos discos de uma música de cada lado (na época em que existiam discos. Hoje em dia nem eles existem mais. Até o CD está indo pro espaço!), muito populares na época dos Beatles. Salvo por “We’ll be together again” com seus 4 minutos e meio, todas são canções curtas com um grande apelo no ritmo, e que, desta maneira, cativam e pedem para ser escutadas várias vezes.

Não só em termos de alegria ao cantar, mas, no background desse disco, a vida e carreira de Mr. Blue Eyes era repaginada. Uma renovação no interesse das massas pela voz de Frank aconteceu. Depois de ter sua imagem manchada pelo caso Ava Gardner, era aparente que, pelo menos em termos musicais, os dias de tristeza haviam ficado no passado.

Em resumo, um disco delicioso de ser ouvido do início ao fim, de trás pra frente, enfim, de qualquer maneira. Um Fator Pula Faixas baixíssimo! Cada canção merece ser ouvida, senão uma, várias vezes!



Veredito final: absolutamente perfeito! Merece figurar na lista dos 1001 e em qualquer outra lista que venham a fazer daqui pra frente. É refrescante como uma cerveja trincando em um dia quente!

Próxima vítima: The Crickets: The “Chirping” Crickets. A banda da lenda Buddy Holly! Cara....você não imagina que pérola é esse disco!

terça-feira, 10 de maio de 2011

Novos cabeçalhos

Galera!


Agora eu estou alterando o visual do blog de tempos em tempos. Não terei toda semana um cabeçalho diferente. Estou, por enquanto, fazendo somente umas experiências com novas fontes.


Sugestões de novos cabeçalhos serão bem vindas!


Grande abraço!

domingo, 8 de maio de 2011

Duke Ellington – at Newport

Para inicio de conversa, esse disco se trata de um disco de jazz. Jazz é um ritmo que, nos dias de hoje, não encontra muitos admiradores na minha idade. Ritmo de difícil acompanhamento, seja batendo o pé, seja cantarolando. Em geral, seus compositores procuram torna-lo o mais incompreensível possível (exemplo de Thelonius Monk, comentado daqui há alguns posts).

Claro, toda regra tem sua exceção. Não que Edward Kennedy “Duke” Ellington fizesse música pra se cantar a plenos pulmões ou refrões grudentos. Mas com certeza, em “at Newport”, várias músicas apresentam o apelo popular, mais swingado e atraente.

“Black and tan fantasy” é um exemplo do que disse. O trompete no início já prepara o ouvinte pelo que está por vir. Tem momentos que o instrumento parece falar! Ritmo mais facilmente digerido que as demais e com um enceramento desconcertantemente inspirado, uma tirada de sarro! Assim como uma versão de “Star spangled banner”, o hino dos EUA.

Mas a cereja do bolo é “Diminuendo in blue, crescendo in blue”. Para quem aguentar seus 14 minutos, terá valido à pena. Principalmente a melhor parte aos 12 minutos e meio! Um belo exemplo do poder do compositor Duke.

Este disco “at Newport”, na verdade não foi gravado ao vivo. Nem em Newport! Parte dos aplausos é “enlatada”. Aplausos de estúdio. Fato esse descoberto em 1996, 40 anos após o lançamento do álbum. O disco foi então reeditado com áudios do festival da época, o que jogou mais alguma luz sobre a persona de Duke e seu ritmo contagiante. Principalmente às várias desculpas dadas à platéia por Duke durante o decorrer do disco!



Vamos aos comentários: fator pula faixas (FPF) um pouco alto para aqueles que não curtem jazz. Como não quero ser tendencioso, vou avaliar como se fosse um cara que não gosta de jazz. Totalmente inaudível para fãs do Restart! Mas quem liga pros fãs do Restart afinal? Brincadeirinha se houver algum entre os leitores!

Veredito final: Mistura jazz com swing definitivamente cai bem! Um bom som de fundo pra quem gosta de música de elevador, apesar de discordar totalmente com isso!

Próxima vítima: Frank Sinatra – Songs for swingin’ lovers. Praticamente irreconhecível depois de se ouvir “In the wee small hours”! Mr. Blue Eyes em sua melhor forma!

sábado, 7 de maio de 2011

Fats Domino - This is fats

Antoine Dominique “Fats” Domino com 21 anos atraiu a atenção dos Estados Unidos com a música “The fat man” em 1949. Na época, o simpático gordinho da foto não tinha noção do que acabara de fazer, mas em 2 minutos e 35 segundos, puro rock n’roll invade nossos ouvidos. Essa canção não faz parte das faixas desse álbum, mas as que compõem este long-play seguramente animam qualquer festa!

Com “Blueberry hill” já se tem idéia que o cara não estava pra brincadeira. Excelente balada com um ritmo delicioso. Paul McCartney já disse uma vez, mas me esqueci de tomar nota quando foi, que o acompanhamento do contrabaixo pode ser feito somente com o piano, caso de “Lady Madonna”. Fats faz isso com maestria em boa parte das músicas. A presença do piano dá às faixas um peso (sem sacanagem com o gordinho!) na medida perfeita.

O disco pode ser ouvido na íntegra sem que nenhuma das faixas estrague o conjunto. Esse é outro fator que eu vou explorar daqui pra frente. O FATOR PULA FAIXAS (FPF)!

Quanto maior o FPF de um disco mais dá vontade de passar pra próxima!

Esse, seguramente, tem um FPF tendendo praticamente à zero!




Ouvir todas as faixas faz você se sentir no banco de um conversível, dirigindo despreocupadamente por uma rodovia! Dá até pra imaginar a cena!

“Blue Monday”, “La la”, todas sensacionais.

Muito bom mesmo! Quem quiser escutar, não vai se arrepender.

Veredito final: Mais um disco que definiu o que o rock é hoje em dia. Um disco de “peso”.

Próxima vítima: Duke Ellington – Ellington at Newport. Jazz + Ellington = Chique2!