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quarta-feira, 29 de junho de 2011

Miles Davis – Birth of cool


Quando se ouve pela primeira vez, o jazz parece sempre igual. Não importando a música ou o compositor que se ouça, todos os arranjos soam da mesma maneira. Não vou agora dar uma de teórico do jazz e citar diferenças entre cada variante do ritmo. Mas “Birth of the cool” de Miles Davis realmente mostra algo que até então não havia sido mostrado em outros trabalhos de jazz.

Podemos chamar esse algo ainda não ouvido de maciez.

Isso mesmo! A maciez do arranjo que parece ondular por entre os ouvidos. Nada de transições abruptas ao estilo Thelonious Monk ou enérgicas de Duke Ellington. Algo mais “cool”! Para ser ouvido despreocupadamente. Algo para deixar o ouvinte ser envolvido e seduzido pelo andamento das canções.



Miles Davis foi um dos precursores do gênero que teve origem em Nova York. Acompanhado por músicos que também buscavam uma sonoridade diferente daquela do jazz bebop, Miles inicialmente teve uma vendagem baixa e pouca receptividade por parte dos ouvintes. Algo que não durou muito e o mesmo foi elevado à categoria de expoente do jazz. Todas as faixas apresentam uma sonoridade semelhante no quesito suavidade, até um vocal inusitado na faixa “Darn the dream”.

Claro que não só em Nova York se ouvia o cool jazz. Lá nas bandas do Rio de Janeiro com certeza se ouvia também. Se não fosse assim, como teria nascido a Bossa Nova?

Talvez a bossa seja O ritmo verdadeiramente brasileiro. Até mais do que o samba, do qual também aquela se originou. Mas a bossa fica pra outra oportunidade.

Em resumo, um disco para aqueles que querem conhecer um pouco mais das variantes do jazz e o ritmo que influenciou a nossa bossa nova. Um ritmo para servir de música de fundo para aqueles dias de frio em que você quer ver a vida passar. O problema é encontrar um dia em que dê para fazer isso!

Veredito final: interessante e gostoso de ser degustado em condições propícias para tal. No entanto, o Ministério da Saúde alerta, não é aconselhado a audição do mesmo em qualquer momento. Surtos de impaciência e stress podem ocorrer.

Próxima vítima: Machito - Kenya. A fusão do jazz com a batida cubana. Um caldeirão fervente!

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Sabu - Palo Congo


Quando ouvi a primeira vez “Palo Congo” percebi uma peculiaridade no som do disco que hoje em dia poderia irritar muita gente. Nota-se que cada instrumento ou vocal em primeiro plano é privilegiado, como em uma foto com desfoque. O mono nesse disco é fantástico. Parece que foi todo gravado com um microfone só. Dá muita autenticidade ao todo! Eram tempos de gravação com a banda toda tocando ao mesmo tempo. Claro que havia discos nos quais os instrumentos eram gravados separadamente e a edição se encarregava do resto. A maioria, se descuidar. Mas assim como “The wildest!” de Louis Prima, toda banda ao mesmo tempo (ao vivo em estúdio, no jargão) é algo digno de nota.

A faixa de abertura “El cumbanchero” tem uma batida excelente e um solo de percussão do próprio Sabu Martinez que, se não arrancou o couro da mão do mesmo, chegou perto. Todas as faixas seguem a receita de muito atabaque e ritmo fazendo com que o ouvinte tenha vontade de mexer as cadeiras (eu fiquei só mexendo os pés...).

 A segunda faixa, “Bilumba – Palo Congo” é um típico exemplo da santeria no conjunto da obra. Não só pela reza, mas como também pelo toque do atabaque.



O Palo, em Cuba e em outras regiões próximas, é a reunião das tradições e fés de origem Bantu. Algumas músicas chegam a ser hipnóticas tamanha repetição da percussão e de cânticos que fazem o acompanhamento.

Em resumo, é um disco interessante por que mais tarde esse ritmo será fonte de inspiração para outros ritmos latinos mais calientes e comerciais.

Veredito final: interessante, do ponto de vista antropológico. J

Próxima vítima: Miles Davis – Birth of the cool. O nome diz tudo. O nascimento do “cool”!