Quando se ouve pela primeira vez, o jazz parece sempre igual. Não importando a música ou o compositor que se ouça, todos os arranjos soam da mesma maneira. Não vou agora dar uma de teórico do jazz e citar diferenças entre cada variante do ritmo. Mas “Birth of the cool” de Miles Davis realmente mostra algo que até então não havia sido mostrado em outros trabalhos de jazz.
Podemos chamar esse algo ainda não ouvido de maciez.
Isso mesmo! A maciez do arranjo que parece ondular por entre os ouvidos. Nada de transições abruptas ao estilo Thelonious Monk ou enérgicas de Duke Ellington. Algo mais “cool”! Para ser ouvido despreocupadamente. Algo para deixar o ouvinte ser envolvido e seduzido pelo andamento das canções.
Miles Davis foi um dos precursores do gênero que teve origem em Nova York. Acompanhado por músicos que também buscavam uma sonoridade diferente daquela do jazz bebop, Miles inicialmente teve uma vendagem baixa e pouca receptividade por parte dos ouvintes. Algo que não durou muito e o mesmo foi elevado à categoria de expoente do jazz. Todas as faixas apresentam uma sonoridade semelhante no quesito suavidade, até um vocal inusitado na faixa “Darn the dream”.
Claro que não só em Nova York se ouvia o cool jazz. Lá nas bandas do Rio de Janeiro com certeza se ouvia também. Se não fosse assim, como teria nascido a Bossa Nova?
Talvez a bossa seja O ritmo verdadeiramente brasileiro. Até mais do que o samba, do qual também aquela se originou. Mas a bossa fica pra outra oportunidade.
Em resumo, um disco para aqueles que querem conhecer um pouco mais das variantes do jazz e o ritmo que influenciou a nossa bossa nova. Um ritmo para servir de música de fundo para aqueles dias de frio em que você quer ver a vida passar. O problema é encontrar um dia em que dê para fazer isso!
Veredito final: interessante e gostoso de ser degustado em condições propícias para tal. No entanto, o Ministério da Saúde alerta, não é aconselhado a audição do mesmo em qualquer momento. Surtos de impaciência e stress podem ocorrer.
Próxima vítima: Machito - Kenya. A fusão do jazz com a batida cubana. Um caldeirão fervente!